SECRETARIA DA CULTURA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL,
OI E ASSOCIAÇÃO DE THEROLINGUÍSTICA APRESENTAM:

Obras

1.DOMAR, por Carina Levitan

Sinopse:

É visto como aquele que não deixa mergulhar.
Os materiais apresentam suas fronteiras e fazem perceber diferenças, assimiladas através dos limitados buracos que cada corpo possui. Mergulhar só é possível se o desejo de ultrapassar for mais forte que o medo do desconhecido. Só se pode voar quando o corpo decide não aceitar mais o peso do enorme desejo de comer. O pensamento turvo não permite nada.

DOMAR é um curto filme sonoro, que conta a história de cinco elementares seres que procuram misturar-se, para tentar conhecer o outro. Os atravessamentos, entre eles, não parecem possíveis, devido à própria forma de existência. A história dos personagens é contada com palavras e sons e formam uma narrativa não linear, visto que a própria malemolência do objeto artístico (filme-sonoro) pretende transpassar e fazer misturar os sentidos. O filme será exibido presencialmente, valendo-se da força sensorial que só a experiência física permite. Corpos relaxados, amalgamados em almofadas de uma adaptada sala de cinema. O público escuta, sente, cheira e, se quiser, come algum pedaço de sabor que fará deste instante, um filme quase vida.

Carina Levitan é artista sonora, graduada em Sound Arts & Design pela University of The Arts London. Trabalha com música e esculturas sonoras para performances e instalações. Fez a direção musical, trilhas e desenhos de som para diversas séries e curta-metragens, com premiações nacionais e internacionais. Atualmente, faz parte do grupo docente do programa educacional Consciência em Movimento, da AMCE. Em 2020, lecionou na escola Lumiar e participou da residência artística Forte, com a Cia. Inquieta, no 27º Porto Alegre em Cena. Foi residente artística do projeto Concha e participou da mostra coletiva Demonstração por Absurdo, no Instituto Tomie Ohtake. Em 2016 foi convidada para o projeto Unimusica e idealizou o Ovo Festival Sonoro, projeto internacional de experimentação musical. Coordenou a Escola Caseira de Invenções da 9ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Em Londres, participou do grupo de improvisação Unknown Devices – The Laptop Orchestra dirigido por David Toop, montou uma instalação sonora e performance na Photographer’s Gallery, ministrou workshop de construção de instrumentos no Barbican Centre, entre outros trabalhos.

2. ARAR, por Carlos Ferreira e Leo Caobelli

Sinopse:

ARAR é uma experiência audiovisual sobre conhecer e escutar a vizinhança. Estabelecer contato com a água que banha uma cidade. É também sobre cultivar: coletar acontecimentos e memórias em som e imagem, replantar, projetar histórias vivas da Ponta do Arado, um território povoado por diferentes vidas e interesses, e permeado pela ancestralidade indígena. Onde termina o corpo e começa o todo? Qual linha invisível desenha cicatrizes na terra? ARAR é sobre o elogio da matéria, organismo vivo e complexo que se reconfigura em um dinamismo impossível de registrar: terra e água em constante movimento.

O trabalho se desdobra em uma apresentação audiovisual ao vivo, vídeo online e álbum musical. E os arquivos brutos da paisagem sonora estarão disponíveis no site para download e uso livre.

Carlos Ferreira é um músico ambiente/drone de Porto Alegre/RS. Em seu trabalho, utiliza a guitarra como fonte para criar texturas e paisagens sonoras de tempo dilatado, visando uma experiência imersiva de escuta. Artista do selo Past Inside The Present (EUA), tem álbuns lançados por várias gravadoras ao redor do mundo, incluindo Assembly Field (Inglaterra), Past Inside The Present / Healing Sound Propagandist (EUA), ARCHIVES (Espanha), Atlantic Rhythms (EUA), Aural Canyon (EUA), Histamine Tapes (EUA) e Giraffe Tapes (Geórgia), além de ter produzido live sets especiais para a Dublab Radio de Osaka (Japão) e Los Angeles (EUA).

Leo Caobelli é artista visual com ênfase na reutilização de mídias obsoletas. Trabalha principalmente nas áreas da fotografia, vídeo e instalação. Graduado em Jornalismo (2003), pós-graduado em Fotografia (2012), mestre (2017) e doutorando em Poéticas Visuais pelo Instituto de Artes da UFRGS. Foi repórter fotográfico da Folha de S. Paulo (2006-2009). Fundou e fez parte do coletivo Garapa (2008-2015). É um dos fundadores da Planta Estudos Visuais (2016-). Sua pesquisa Algum Pequeno Oásis de Fatalidade Perdido num Deserto de Erros foi vencedora do Prêmio Brasil Fotografia 2015/2016, exposta no FoLa – Fototeca Latinoamericana em Buenos Aires, em 2017 e na Galeria Ecarta, em Porto Alegre, 2019. Selecionado na edição 2020/21 do Rumos Itaú Cultural, atualmente trabalha em seu segundo curta-metragem e participa da Residência/Festival MUFF, do Centro de Fotografia de Montevideo, com projeto pedagógico de Luis Camnitzer e Mônica Hoff.
Representado pela galeria Bailune Biancheri, possui obras em coleções de museus como MASP, MAM(SP), MON Curitiba, entre outros.

3. ISOLDA, por Carolina Bianchi

Sinopse:

​​Uma boca repleta de aranhas caranguejeiras arrastando as palavras. Não tem dialeto no mundo. Não tem dialeto no mundo. Começo e fim de uma mulher – é tudo o mesmo lugar. A vida da mulher – é um braço agitado, envenenado, num tarantismo monstruoso, a paixão como dois punhos fechados, como o corpo de uma aranha que se põe a dizer. Há um mês Isolda, minha avó materna, faleceu. Eu, me encontrando do outro lado do Oceano, não consegui me despedir. Este é um pequeno filme sobre o luto. O luto é abominável, sem linguagem, o luto é um pedaço de carne e líquidos entranhados ao avesso, borbulhando agitados em alguma parte do corpo, que dói e seca – e só nos resta chorar, e beijar as fotos e amparar a semelhança.

Direção, roteiro e argumento | Carolina Bianchi
Elenco | Marina Matheus
Narração | Carolina Bianchi e Isadora Tomasi
Fotografia | Mayra Azzi
Edição | Mayra azzi, Daniel Passi e Carolina Bianchi
Direção de arte e figurinos |Tomás Decina e José Artur Campos
Luz | João Rios
Assistência de direção | Joana Ferraz

Carolina Bianchi é diretora de teatro, dramaturga e atriz. Seu trabalho habita espaços entre teatro, performance e a dança, lidando com questões relacionadas à fantasmagoria, História do teatro, mitologia, pactos históricos e gênero enquanto crise. É diretora geral do coletivo CARA DE CAVALO, com quem realizou os trabalhos: O Tremor Magnífico (2020), LOBO (2018), a performance Quiero hacer el amor (2017), e a palestra-performance Mata-me de Prazer (2016). Atualmente desenvolve sua próxima peça CADELA FORÇA, com estreia para 2022. Vivendo entre São Paulo e Amsterdã, faz parte do programa de mestrado da Das Theatre, na Amsterdam University of Arts.

4. Delta 21: um enigma na Ilha das Moscas, por Daiana Schröpel

Sinopse:
Quais seriam as histórias contadas pelos seres animados e inanimados se pudéssemos compreender a sua linguagem comunicativa e não comunicativa? Motivadas por essa e outras inquietações, pesquisadoras do Instituto Allotria de Análises e Intervenções Antrópicas Investigativas (IAAIAI), em parceria com a Associação de Therolinguística, promoveram expedições prospectivas ao Arquipélago do Delta do Rio Jacuí, em Porto Alegre, Brasil. As excursões tiveram como objetivo a observação in situ de espécies singulares de natureza intermediarista, vistas como possíveis elementos-chave na decifração de linguagens dos reinos naturais. Endêmicos dessa região, os espécimes foram descobertos pela pesquisadora Claire Lumpen durante o seu trabalho junto ao Observatório do Bioma do Delta do Rio Jacuí, segmento prospectivo do IAAIAI. As investigações decorrentes dessa parceria interinstitucional sugerem a ocorrência de um fenômeno extraordinário. As motivações das expedições, assim como seus contextos investigativos, seus resultados e seu legado documental serão apresentados por ocasião do 7º Festival Kino Beat.

Daiana Schröpel é artista visual e pesquisadora. Doutora em Artes Visuais (2020), com ênfase em Poéticas Visuais, pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre (2016) e Bacharel (2013) em Artes Visuais pela mesma instituição. Investiga transversalidades entre arte, ciência e ficção e seus desdobramentos na contemporaneidade, com foco em processos de ficcionalização documental e autoral. Desde 2012 soma a realização de vinte e três exposições, cinco individuais e dezoito coletivas, nas modalidades instalação, desenho, fotografia, objeto e vídeo

Serviço

Denilson Baniwa
INÍPO: Caminho de Transformação

Locais e visitação:

MARGS | Salas Negras
De terça a domingo, das 10h às 19h (último acesso 18h30)
Praça da Alfândega, s/n – Centro Histórico
27.11.2021 a 09.01.2022

Goethe-Institut Porto Alegre
Diariamente no muro de entrada do Instituto
Rua 24 de Outubro, 112 – Independência
27.11.2021 a 28.02.2022

Casa de Cultura Mário Quintana | Jardim Lutzenberger
De segunda-feira a sábado, das 9h às 18h30
Rua dos Andradas, 736 – Centro Histórico
27.11.2021 a 09.01.2022

5. Denilson Baniwa
INÍPO: Caminho de Transformação

Texto Curatorial

Um traçado sinuoso de três quilômetros marca a distância geográfica entre o muro do Goethe-Institut Porto Alegre, as Salas Negras do MARGS e o Jardim Lutzenberger da Casa de Cultura Mário Quintana. O mapa que ilustra esse caminho, também indica que a caminhada entre os locais que recebem a exposição dura trinta e seis minutos. Mas o dado mais interessante emerge enquanto uma epifania visual: a linha virtual que se forma ao juntar os pontos A, B e C, desenha uma grande serpente espalhada pelo coração da cidade. É a partir desse INÍPO (caminho) com aparência de cobra, que escolhemos o mito da Viagem de Transformação para ser o guia de entrada no universo de Denílson, e dos Baniwa.

Ao fragmentar a mostra para se criar um percurso – um deslocamento físico e virtual para acessar as obras – surge um formato de exposição que simboliza o caminho realizado pela Canoa-Serpente de Transformação ao longo do Rio Negro e seus afluentes. No mito de criação da humanidade segundo a maior parte dos povos indígenas do Alto Rio Negro no Noroeste Amazônico, a canoa-serpente é o local onde os primeiros ancestrais humanos-peixes se formaram no decorrer de um caminho de transformações. A cada parada da canoa, os ancestrais adquiriam conhecimentos e poderes e algum povo e local sagrado se estabelecia.

Os trabalhos exibidos nesta exposição partem deste mito originário para expandir as representações de aspectos relacionados a cosmogonia e contemporaneidade Baniwa: a comunicação transcendental dos pajés, os petróglifos (gravuras rupestres), o contexto urbano, e a perspectiva da essencialidade humana ser partilhada por animais – e também por outros reinos – são alguns dos relatos presentes nas obras.

“A arte indígena sempre conta uma história. É um modo de guardar nossa memória, como se fosse um banco de dados.”, diz o artista. O esgotamento das grandes narrativas que regem o mundo nos últimos séculos aparentam ter chegado em seu ápice no Brasil pandêmico. Assolados por uma complexa crise que atravessa todos os estratos da vida, a busca por histórias que sugerem outras formas de ser e estar no mundo mostram-se não apenas como retórica, mas como um possível caminho para adiar o fim do mundo, como nos ensina o pensador Ailton Krenak. Se as tintas que escreveram a História até agora – parecem falhar em apontar esses caminhos – o generoso arquivo atemporal dos Baniwa, dos Krenak ou de outros povos indígenas ao redor do mundo se mostram disponíveis para consulta, como sempre estiveram. O que estamos fazendo com esses conhecimentos, que entre tantos ensinamentos indicam uma relação mais afetuosa e de cuidado com a casa comum em que vivemos?

Essa exposição-percurso é uma pequena janela para algumas dessas histórias e memórias coletivas, contadas por Denilson Baniwa através de gravuras digitais, vídeos, pintura mural, lambe-lambe e um filtro virtual. A apresentação desse recorte do banco de dados opera num jogo de traduções: “traduções das vozes da floresta, das pedras, da água e de todos os seres vivos. A arte indígena, pode ser aliada no entendimento de mundos, pois ela mesmo, transita entre o ancestral e a plasticidade do mundo moderno.” Complementando Denilson, o artista Jaider Esbell escreve que arte indigena contemporânea não está apenas atrelada ao seu passado, “a ancestralidade é mobilizada no agora, reconfigurando posições enunciativas e relações de poder para produzir outras formas de encontro entre mundos não fundamentadas nos extrativismos coloniais”.

A possibilidade de encontros e alianças entre mundos, a busca por uma comunicação interdependente, as traduções e escutas das vozes de animais, vegetais, minerais e de outros reinos já classificados pela ciência ou fabulados pela arte, são alguns dos pontos que confluem a exposição dentro da programação do 7º Festival Kino Beat.

Cada ponto da exposição-percurso pode ser visto individualmente e compreendido enquanto uma obra ou série de obras autônomas. Seja na rua, museu, jardim ou virtualmente, a fruição é integral em cada local visitado. Mas é na força do percurso que pode-se compreender a totalidade. Propondo uma relação entre obras que não acontece apenas em uma espacialidade confinada, a exposição-percurso se espalha no corpo da cidade, num trajeto serpenteado entre as instituições que torna o caminho entre elas parte da experiência.

Gabriel Cevallos

A exposição

Denilson Baniwa
INÍPO: Caminho de Transformação

A primeira exposição individual do artista em Porto Alegre, se apresenta como uma exposição-percurso, com exibição fragmentada em três locais físicos e um virtual: Goethe-Institut Porto Alegre, MARGS, Casa de Cultura Mário Quintana e Instagram. A mostra traz a público trabalhos inéditos e recentes, criados entre 2020 e 2021. Com pintura mural, gravuras digitais, vídeo, lambe-lambe, e um filtro digital interativo. O projeto integra a programação do 7º Festival Kino Beat e é uma correalização do Festival e do Goethe-Institut Porto Alegre.

O percurso sugerido da exposição começa no Goethe-Institut Porto Alegre, com a pintura Muyeréusáwa Rúka no muro de entrada da instituição. O trabalho criado especialmente para o projeto ilustra em mais de 11 metros de superfície os petróglifos, gravuras rupestres que narram fatos e mitos do povo indígena Baniwa; e as Casas de Transformação, locais sagrados de onde surgem os conhecimentos ancestrais. Pintado com cores fluorescentes sob
base escura, o muro terá iluminação noturna com luz ultravioleta (luz negra), criando um efeito visual que remete ao encantamento dos seres da floresta. A instalação também dá continuidade ao projeto de ocupação artística do muro do Instituto realizado desde 2018.

Nas Salas Negras do MARGS, será apresentada a série de gravuras digitais Aquela gente que se transforma em bicho, com três gravuras feitas para exposição, em um total de oito, todas
medindo 120×84. Os trabalhos retratam alguns dos seres duplos (espírito bicho-gente), que na teoria do perspectivismo ameríndio, indica que “tudo o que existe no cosmos pode ser sujeito, mas todos não podem ser sujeitos ao mesmo tempo, o que implica uma disputa.” Na outra Sala, serão exibidos os vídeos Ty Ty – memórias de beija-flor (3min26s) e Floresta- Casa derrubada (A última maloca do fim do mundo) (2min41s). Os vídeos abordam questões de indígenas em contexto urbano, as memórias da floresta, a constante luta por territórios, e as violências da colonização.

Seguindo o percurso rua abaixo, no 5 ̊ andar da Casa de Cultura Mário Quintana, o Jardim Lutzenberger recebe o lambe-lambe de grande dimensão Repovoamento de uma cidade Floresta, colada na fachada da Casa e nas paredes que circundam o jardim suspenso, a figura de um pajé soprando de seu cigarro-sagrado diversas espécies de animais, representa os saberes e poderes da comunicação transcendental do “diplomata do cosmos”. As colagens dos animais se misturam com as muitas espécies de plantas do jardim.

O filtro digital interativo Yawareté, desenvolvido especialmente para exposição, pode ser acessado de qualquer lugar, antes, durante ou depois do percurso, através de um telefone celular com acesso ao aplicativo Instagram. O filtro brinca com a ideia da transformação do
humano em bicho e do bicho em humano. A figura da onça, marca registrada do trabalho de Denilson, surge como uma máscara junto com os animais encantados, os mesmos pintados no mural do Goethe-Institut Porto Alegre. Para testar o filtro, acesse o perfil do Kino Beat no Instagram: @kinobeatfestival na sessão destaque.

A exposição Denilson Baniwa INÍPO: Caminho de Transformação é uma realização do 7º Festival Kino Beat e Goethe-Institut Porto Alegre. A curadoria é de Gabriel Cevallos.

 

Denilson Baniwa  é artista-jaguar do povo indígena Baniwa. Natural do Rio Negro, interior do Amazonas, atualmente reside no Rio de Janeiro. Seus trabalhos expressam sua vivência enquanto Ser indígena do tempo presente, mesclando referências tradicionais e contemporâneas indígenas e se apropriando de ícones ocidentais para comunicar o pensamento e a luta dos povos originários em diversos suportes e linguagens como canvas, instalações, meios digitais e performances.

6. Água Aroeira, por Edbrass e Raiça Bonfim

Sinopse:
A performance ritual Água Aroeira é um ato de imersão no campo das ervas, um modo de
maceração da carne-de-humano na água dos vegetais. É também um encontro, uma convergência, uma união de forças político-mágicas dxs artistas-pesquisadores Edbrass Brasil e Raiça Bomfim. É um hábito de repensar (pensar de novo, pensar outra vez, lembrar,
lembrar e confabular) as artes para além do humano, ativando as poéticas da interação amorosa fundamental entre a gente e outras espécies de gentes. É um modo de dançar pro
coração das águas, cantar pra inspirar o pensamento fitológico e alçar os devires rio-árboreos de nossos corpos. Água Aroeira é, ainda, um reconhecimento do quanto os reinos vegetal e mineral vêm cumprindo a sua parte no plano evolutivo de Gaya (com seus
mil nomes), alimentando as relações de reciprocidade e as convivências cooperantes e o quanto isso tem nos convidado a uma busca de modos pelos quais possamos, nós, humanos e artistas, partilhar nossas práticas criativas como campo fundamental de produção de afetos em favor da vida.
Filmagem e Edição | Mayara Ferrão

Edbrass Brasil é artista sonoro, curador e pesquisador. Há duas décadas vem atuando em diversas áreas criativas, como rádio-artista, performer ou compondo trilhas sonoras para as artes cênicas.  Em suas apresentações solo ou em pequenos grupos, utiliza instrumentos de sopro não-convencionais, aliados a técnicas estendidas, explorando as possibilidades de composição em tempo real, numa pesquisa que conecta aspectos da botânica e os seus usos cotidianos nas tradições afro-indígenas brasileiras.

Raiça Bomfim move-se no campo das artes como criadora, produtora e professora, de modo transdisciplinar, com ênfase na performance, no teatro e na poesia, propondo práticas que consubstancializam arte, ecologia e práticas ancestrais de cuidado em saúde. Ao longo de seu trabalho de investigação criativa, tem assumido as experiências relacionadas à voz como ponto disparador de muitos de seus processos criativos e pedagógicos, em conexão com os sentidos emanados por uma poética da água. É doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFBA, tecendo sua pesquisa na encruzilhada entre academia, natureza e experiências com comunidades rurais. Lecionou como professora temporária da Escola de Teatro da mesma universidade nos anos de 2018 e 2019, com foco especial nas práticas e pesquisas vocais.

7. FM Bug, por Elias Maroso

Sinopse:
“FM Bug” concentra ações que relacionam autonomia tecnológica e produção artística. A partir de processos artesanais em eletrônica aplicada, enquanto saberes que beiram a extinção nos dias de hoje, propõe-se uma aproximação de princípios básicos da radiofrequência, ao apresentar em vídeo a montagem de um radiotransmissor FM. Além disso, Elias Maroso constrói derivações artísticas dos dispositivos na forma de criaturas tecnológicas de necessária preservação. Vale destacar que a tecnologia da radiofrequência persiste em nosso cotidiano, sendo o fundamento estrutural da rede mundial de computadores. Com “FM Bug”, o artista procura trazer ao alcance das mãos um conhecimento pouco difundido, relativo às ondas portadoras.

 

Elias Maroso é artista e pesquisador natural de Sarandi, Rio Grande do Sul. Vive e trabalha na cidade de Porto Alegre. Desenvolve pesquisa em artes visuais voltada ao objeto, intervenções espaciais e eletrônica aplicada. Realizou exposições coletivas em espaços como Ministerio de Educación y Cultura de Uruguay (Montevidéu), Museo San Fernando de Maldonado (Maldonado/Uruguai), Casa de Cultura Digital (São Paulo/SP) e Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (Porto Alegre/RS). Membro-fundador do projeto Sala Dobradiça, pelo qual participou da 7ª e 8ª Bienal do Mercosul, além de produzir junto dessa iniciativa exposições com artistas do Brasil e exterior. No ano de 2019 foi premiado com uma residência artística no Druckwerkstatt, Kunst Quartier Bethanien (Berlim/Alemanha), pelo IV Concurso de Arte Impressa do Goethe-Institut de Porto Alegre/RS. Em 2020, foi indicado ao 4º Prêmio Aliança Francesa de Arte Contemporânea e ao Prêmio de Arte Contemporânea (Ano 11), sendo finalista da modalidade Prêmio PIPA Online 2020. Possui obras no acervo do Instituto PIPA, Rio de Janeiro/RJ (coleção Deslocamentos).

8. TECNOHORTA, por Guilherme Leon

Sinopse:
A Tecnohorta é um espaço virtual coletivo que se apresenta através de uma newsletter enviada por e-mail. Nela, cada participante terá uma muda e poderá acompanhar a germinação, multiplicação e o convívio dela com as demais plantas da horta. O funcionamento da horta é inteiramente autônomo, ou seja, o seu desenvolvimento é regido
por processos algorítmicos imprevisíveis. Assim, a participação na horta configura uma integração a um processo único, uma experiência compartilhada.

Os participantes, que receberão via e-mail imagens que representam o estado atual da horta, também têm responsabilidades, pois as plantas – mesmo que virtuais – precisam de água para sobreviver. Além disso, se forem afogadas, as plantas não germinam e a horta se tornará um deserto. A responsabilidade é coletiva e o processo se desenvolverá em resposta à participação de todos.

É importante ressaltar que a Tecnohorta ocorre numa velocidade diferente daquela com a qual estamos habituados na rede, pois o desenrolar da horta ocorre ao longo de dias e as atualizações não são instantâneas. Dessa forma, esse trabalho é um exercício de temporalidade e imprevisibilidade, uma possível reação ao mundo de gratificações instantâneas da internet.

Ficha técnica:
Nome: Tecnohorta
Artista: Guilherme Leon
Ano: 2021
Técnica/Material: Programação/Arte Generativa

Guilherme Leon Leon é artista e programador. Nasceu em Porto Alegre/RS. Graduou-se no Bacharelado em Artes Visuais pelo instituto de artes da UFRGS e no Bacharelado em Ciência da Computação pelo instituto de informática da UFRGS. Como artista, trabalha com Arte Generativa e com os pontos de contato entre o campo da arte e o da computação. Somado a isso, trabalha com a difusão de conhecimentos de programação no campo da arte.

9. Talvez nosso único elo seja a humanidade fracassada, por Juno B

Sinopse:

Experimento especulativo 3d híbrido, organismo composto, desconhecido e com resquícios de matéria tóxica. Uma prática transespécies que recusa hierarquias ontológicas e epistemológicas, presentes, aqui por tempo determinado. Me ouve? Eu não estávamos só.

Ficha técnica:
3d: Isadora Stevani
Desenho de som: Juliana R.

 

Juno B é artista multimedia, trabalha com direção de arte, projetos gráficos e videomaking. Em sua prática propõe experimentações de formas e materiais; pensamentos e diálogos a partir de narrativas não hegemônicas e hipóteses de modos de estar no mundo em uma perspectiva desobediente de gênero. Participou de residências na Bolívia, Brasil e Suíça. Atualmente colabora nos projetos: Museu Itamar Assumpção e Plataforma Lastro. Vive e trabalha em São Paulo.

10. A cosmopolítica dos animais, por Luisa Marques e Juliana Fausto

Sinopse:
Adaptação livre de A cosmopolítica dos animais (Juliana Fausto, n-1 edições, 2020), trata seus capítulos-situações como gêneros do cinema. Um filme eucarionte imerso em relações multiespécies.

Roteiro: Juliana Fausto
Montagem: Luisa Marques
Pesquisa: Juliana Fausto e Luisa Marques
Edição de som: Luisa Marques
Trilha sonora original: Marco Antonio Valentim, Dora Cavalieri Penna
Duração: 15 minutos.

Luisa Marques Luisa Marques é cineasta, artista visual e montadora. Bacharela em cinema pela UFF-RJ, cursou Fine Arts na Gerrit Rietveld Academie entre 2011 e 2012 (Amsterdam, Holanda). É mestre em literatura pela Puc-Rio e doutoranda em artes na UFRJ. Realizou diversos curtas exibidos em festivais brasileiros e no exterior. Participou de exposições em espaços como Galeria Ibeu, Capacete, Galeria Cavalo, Casa França-Brasil, Museu de Arte do Rio, Paço Imperial, Galeria A Gentil Carioca, Archive Kabinett (Berlim), Filmhuis Cavia (Amsterdã). Em 2017 teve seu curta A Maldição Tropical (2016) exibido no Tate Modern, Londres-UK. Em 2019 realizou sua primeira exposição individual, mulher desfruta, na Galeria Cândido Portinari (UERJ), Rio de Janeiro.

Juliana Fausto é filósofa, escritora, pesquisadora de pós-doutorado na UFPR (PNPD/CAPES) e autora de A cosmopolítica dos animais (n-1 edições). Atualmente desenvolve pesquisa acerca das relações entre animais extra-humanos e política e ministra disciplinas nos níveis de Graduação e Pós-Graduação em Filosofia. Sua tese recebeu menção honrosa no prêmio da ANPOF/2018 e prêmio de Melhor Tese de Filosofia no Concurso de Teses do CTCH da PUC-Rio 2018/2019. Tem publicações na área de estudos animais, estudos feministas, cinema, arte e literatura, com enfoque no Antropoceno. É pesquisadora do species – Núcleo de Antropologia Especulativa/UFPR e do Inuma – Interfaces humano não humano/UFS.

11. Cooperativa da Escuta em Narrativas Sonoras, por Marcelo Armani

Sinopse:

Apolônio de Carvalho e Belo Monte são duas peças sonoras que fazem parte do projeto Cooperativa da Escuta em Narrativas Sonoras. O título dessas peças se refere a dois assentamentos do MST e do MDT localizados respectivamente nos municípios de Guaíba e
Eldorado do Sul no RS. Ambas as peças são compostas pela captação da paisagem sonora local com a utilização de microfones shotgun, contato e subaquático. Essas paisagens são atravessadas pelas vozes de alguns habitantes que residem nesses assentamentos e que foram captadas durante oficinas e atividades de caminhadas sonoras realizadas com crianças e adolescentes de ambos os assentamentos. As composições guardam o registro da descoberta da escuta e da interação com a diversidade da textura e da atmosfera dos reinos sonoros que cohabitam um mesmo espaço temporal. Retratam a interação dos participantes com a escuta dos elementos/eventos sonoros que derivam dessa amplificação da paisagem, revelando a expressão dos envolvidos com os aspectos naturais e físicos do som. Os espectros de frequências e ruídos, a escuta expandida e a manifestação sociocultural presentes numa parte daquele grupo. A estrutura das peças traz conceitos e técnicas presentes na música concreta e na eletroacústica, tendo o campo da Arte Sonora como meio poético e expressivo.

Granulações, espaços diluídos e ampliados, repetições, panorâmicas, efeitos e edições sonoras transportam esse universo concreto, presente no registro original dos instantes dessa atividade, a um plano lúdico que amplifica a potencialidade da plástica sonora, propondo a composição de um outro reino tangente aos demais como expressão da linguagem artística pertencente a particularidade da pesquisa e trajetória do artista com o elemento sonoro.

Nessas peças, as vozes se deslocam pelas paisagens num constante movimento que assume um caráter de projeção e composição de uma sonosfera permeável, que registra ao longo da linha temporal, encontros entre o real e o ficcional. Um local onde a memória e o tempo se fundem por meio do som, formando um arquivo do registro efêmero dos anseios e da partilha de vivências coletivas.

Marcelo Armani é artista sonoro, técnico de som direto/microfonista em projetos cinematográficos, compositor e músico improvisador eletroacústico. Sua produção reside na ruptura com padrões tradicionais, na crítica aos modelos socioculturais como forma de denúncia dos oportunistas que fomentam o sistema do Estado de exclusão, as relações e os sintomas da crise contemporânea do caráter do indivíduo. Sua trajetória se insere na produção artística contemporânea do campo da arte sonora, transitando pelo vídeo, performance, fotografia, desenho e escultura. Na imersão da paisagem sonora ao grão sonoro como método para a composição de narrativas que amplifique as qualidades plásticas e espaciais do som. Nesse contexto, o artista tem participado de mostras, conferências e residências artísticas no Brasil e no exterior.

12. Camerata LeGuiniana, por Negalê Jones

Formada por Planta, Líquen e Rochas
Sinopse:,dentro das linhas de pesquisa da Associação de Therolinguística para revelar a poética a Camerata LeGuiniana é um conjunto de objetos sonoros eletrônicos, desenvolvidos de seres não-animais.
No roteiro teremos uma apresentação ao vivo em 3 partes:
Opus 1 – The Non-Communicative Art of the Plants.
Opus 2 – The Delicate Lyrics of the Lichen.
Opus 3 – The Volcanic Poetry of the Rocks.

Negalê Jones é artista sonoro e educador. Em pesquisa perene sobre ritmos naturais e as relações entre bioeletricidade e etnobotânica. Sonorizando fenômenos naturais inaudíveis, constrói circuitos elétricos que amplificam o som resultante do contato entre as mãos e as flores colhidas, circuitos que amplificam o som peculiar de plantas vivas e osciladores cujo som depende da resistência elétrica encontrada na seiva dos vegetais. Utilizando microcontroladores, faz de folhas interfaces/sensores em um contexto de computação física. Tem como influência a música concreta, os métodos de cura dos povos originários e a particularidade sagrada das plantas de acordo com a mitologia afro-diaspórica.

 

13. Em terra rasgada reconstruímos o mapa, por Marcelo Chardosim

Sinopse:

Realização: Parque da Solidariedade, Festival Kino Beat e Goethe-Institut Porto Alegre

“Em terra rasgada reconstruímos o mapa”, pesquisadores da arte, biologia, arquitetura, ciências sociais, direito e geografia criam conexões, reflexões, proposições de um possível parque do futuro para Alvorada. O projeto acontecerá em dois momentos:

I – Exibição do curta “Terra Rasgada” (Dir. Cristyelen Ambrozio e Jonatan Tavares) durante a programação do Cine Jardim – 7º Festival Kino Beat

II – “Reconstruir o mapa” | Mostra coletiva de projetos em diferentes formatos, uma ação contínua para fortalecer a criação do Parque da Solidariedade com propostasimpressos e instalados nos espaços públicos de Alvorada, Cachoeirinha, Gravataí, Viamão e Porto Alegre.

“Em terra rasgada reconstruímos o mapa” faz parte de que visam a recuperação ambiental, o geossítio de processos erosivos e o museu baldio iniciado dentro da terra.

Mapas, desenhos, renderização, colagens, pinturas, crição digitais, cartazes, maquetes físicas e virtuais, mapeamentos de terrenos baldios, vídeos, processos híbridos, textos, pesquisas científicas, performances, encontros online temáticos, oficinas, artes no GPS, entre outras formas de transmissão, são os dispositivos que fazem possíveis (ou impossíveis) caminhos para a criação do Parque da Solidariedade.

Os trabalhos serão apresentados impresso e virtualmente (QR Code), através de lambes colados nos espaços públicos dos 26 bairros de Alvorada e no entorno do Mato do Júlio, em Cachoeirinha, e locais a definir no centro de Gravataí, Porto Alegre e Viamão.

Participação Mato do Júlio | O Mato do Júlio é um coletivo que luta pela defesa do Mato do Júlio, em Cachoeirinha/RS. O Mato e Júlio e Parque da Solidariedade são lutas vizinhas pela preservação da natureza da região metropolitana de Porto Alegre, e ocupam a mesma bacia hidrográfica (do rio Gravatahy). Juntos, os coletivos farão ações de apoio a partir de visitas, conversas sobre experiências, formas de atuação na justiça, caminhadas no Mato e no Parque, colagens dos lambes, mutirões de plantio, entre outras atividades.

Participantes:
Parque da Solidariedade
Agnes Steinmetz
Andres Montoya
Cristyelen Ambrozio
Carolina Possa
Cleci Feijó
Diovany Coutt
Dona Mocinha
Eduardo Fortes
Egídio Tavares
Guilherme Lemos
Lucas Kaminski
Lucas Schneider
Jonatan Tavares
Jordano Pinto
Laura Becker
Manuela Finokiet
Marcelo Chardosim
Maria Motta
Marina Cyrillo
Matheus Martins
Miriam Fortes
Nene
Ronaldo Monteiro
Sandro Ka
Suzana Pires
SVQO
Vera Junqueira
Mato do Júlio
Alan da Costa Silva
Bárbara de Ávila Nunes
Felipe Schulte Quevedo
João Pedro de Ávila Lazzarotto
Leonardo da Costa Silva
Natana Peres
Verônica Machado Nani

Convidados
Aline Souza
Daniel Caballero
Diego Haase
Domingo Mestre
Eleazar Santini
Guilherme Leon
Lilian Maus
Janice Martins Appel
Marcelo Bordignon
Maria Paula Recena
Pablito Aguiar

14. Blue Echos, por Romy Pocztaruk e Caio Amon

Sinopse:
O álbum visual Blue Echos é resultado da parceria criativa da artista visual e realizadora Romy Pocztaruk e o músico e compositor Caio Amon, trazendo um cruzamento entre os campos das artes visuais, da música e do cinema, apresentando uma série de músicas e videoclipes com narrativas distópicas sobre o fim do mundo, com protagonistas queer explorando a identidade através das lentes da fantasia, ficção científica e mistério tendo a música como ponto de partida. O conceito que permeia o trabalho é a previsão de novos futuros em uma época que dimensões e realidades paralelas se sobrepõem e colidem para criar histórias marcantes que ampliam a imaginação e chocam os sentidos. Day to Day, primeira faixa do álbum visual Blue Echos, foi realizada com apoio do festival Kino Beat e conta com a participação dos músicos Marcelo Cabral e Khaledlevy Levy. A música traz referências que misturam o mundo mineral e o espaço através de jogos de palavras, guitarras e elementos musicais surrealistas que antecipam sonoridades das outras faixas do álbum.

O duo trabalha em colaboração há 10 anos. Romy foi uma das ganhadoras do prêmio Foco-ArtRio em 2016 e finalista do prêmio PIPA em 2018, além de integrar Bienais do Mercosul (2013/2015), Bienal de São Paulo (2014) e 35º Panorama da Arte Brasileira em 2017. Caio é diretor musical e compositor formado pelo Conservatório de Amsterdã e pelo Musicians Institute de Los Angeles. Sua produção e pesquisa atual conectam música erudita e pop,desenho de som e mídias audiovisuais. A dupla já apresentou seus trabalhos na 11a Bienal do Mercosul (2018) e no projeto Rumos Itaú Cultural (2011).

Romy Pocztaruk apresenta proposições poéticas que partem do cruzamento entre diferentes disciplinas, como ciências e história, com o campo das artes visuais, cinema e música. Participou da Bienal do Mercosul em 2013 e 2015, da Bienal de São Paulo em 2014 e do 35 Panorama da Arte Brasileira em 2017. Foi uma das ganhadoras do prêmio Foco-ArtRio em 2016 e finalista do prêmio PIPA em 2018, além de participar de várias exposições individuais e coletivas. Em suas investigações e pesquisas, coloca em evidência o papel do artista frente às questões políticas e históricas do mundo, seja no passado, presente ou futuro.

Caio Amon é diretor musical e compositor, formado pelo Conservatório de Amsterdã, pelo Musicians Institute de Los Angeles e pela Faculdade de Filosofia da PUCRS. Sua produção e pesquisa atual conectam de maneira criativa música erudita e pop, desenho de som e mídias audiovisuais. Desde 2001, compõe e produz trilhas para cinema, artes cênicas e visuais reconhecidas com prêmios e participações em festivais.

15. feita planta, por Sallisa Rosa

Sinopse:

O que pensa a planta quando me vê?

quando a vi, vi partículas coloridas,
as plantas dentro do corpo alteram expressões de gênese,
numa relação de mutualismo de memória.
mimese de planta e gente.
Por meio da criação de um vídeo a artista aponta o olhar no sentido de que as
plantas não sejam entendidas apenas como objetos, nem como suporte
artístico, nem como arquivos etnobotânicos, nem pela relação utilitária, mas
que as plantas sejam compreendidas como sujeitos.
O vídeo é uma comunicação entre Sallisa e Porangaba.

Sallissa Rosa é natural de Goiânia – Goiás, atualmente vive no Rio de Janeiro. Atua com a arte como caminho e experiências intuitivas, ficção, território e natureza, sua prática circula entre fotografia e vídeo, mas também instalações e obras participativas. Indicada ao Prêmio PIPA 2020. O trabalho de Sallisa foi destaque na exposição Histórias feministas: artistas após 2000 no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MASP) (2019), VAIVEM, no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro (CCBB) (2019), na Bienal do Barro, Caruaru (2019), Estratégias do Feminino, Farol Santander, Porto Alegre (2019), Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2019) e Dja Guata Porã, Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR) (2017).

16. Rã Assobiadora, por Uýra

Sinopse:
Na vídeo arte “Rã assobiadora”, Uýra encarna a presença de um anfíbio que canta
em meio à desgraça. Se em todo canto se canta, os sons sabem quem são, mesmo que a
cidade não saiba. Mesclando história natural de uma rã, que habita as cidades e florestas,
Uýra reproduz em movimentos, seus cantos e encontros e tensionamentos gerados, quando
no habitar da cidade, o que tem levado à Vida, é cantar mais alto e mais rápido para ser
ouvida.

Uýra: Emerson é um artista visual indígena. Formado em Biologia e mestre em Ecologia, parte também da arte educação em comunidades de beiras de rios. Reside em Manaus, território industrial no meio da Amazônia Central, onde se transforma para viver Uýra, uma manifestação em carne de bicho e planta que se move para exposição e cura de doenças sistêmicas coloniais. Através de elementos orgânicos, utilizando o corpo como suporte, encarna esta árvore que anda e atravessa suas falas em fotoperformance e performance. Se interessa pelos sistemas vivos e suas violações, e a partir da ótica da diversidade, dissidência, do funcionamento e adaptação, (re)conta histórias naturais, de encantaria e atravessamentos existentes na paisagem floresta-cidade.

17. O QUE NOMEARAM ‘RESTO’, por Zahra Alencar

XEPA:
RESTO de comida oferecida a baixo preço.
Comida de quartel.
RESTO de comida que não se consumiu;
Comida ordinária.

Nesse trabalho, Zahra Alencar propõe mais uma vez, o uso da ficção como arma de guerra.
Um reino, uma Santa Ceia, um banquete feito somente de restos de alimentos, onde a audição é provocada pelo ASMR.
Nunca deixamos de ser animais, e por isso nem toda comunicação é verbal.
A artista devora esse banquete, numa ideia de controlar o pessimismo e transformar o que se nomeia resto.

“Somos feios aos olhos da norma e olhamos para a feiúra presunçosa dos vegetais podres com o mesmo carinho que os outros corpos abertos.”
Valentina D’Avenia

Zahra Alencar nasceu em Fortaleza-CE, é artista visual, cabeleireira e montadora de leão de praça. Usa, além de cabelos e cabeças, seu corpo negro como instrumento político. Numa óptica de redistribuição da violência e da organização da raiva ela se serve do deboche para apontar incoerências e injustiças históricas. Atualmente reside em São Paulo – SP (desde 2012). Compõe o Coletivo Cabeças (SP) e o Coletivo Universidad Desconocida (BR), um coletivo anônimo anti-disciplinar de resgate, discussão e criação de epistemologias que propõe curto-circuitar as normas. Em 2019 fez parte da residência Inland campo adentro em Madrid – Espanha junto com a Universidad Desconocida. Também em 2019 fez parte da residência Saint Martin em Lausane – Suíça.