O QUE NOMEARAM ‘RESTO’, por Zahra Alencar
XEPA:
RESTO de comida oferecida a baixo preço.
Comida de quartel.
RESTO de comida que não se consumiu;
Comida ordinária.
Nesse trabalho, Zahra Alencar propõe mais uma vez, o uso da ficção como arma de guerra.
Um reino, uma Santa Ceia, um banquete feito somente de restos de alimentos, onde a audição é provocada pelo ASMR.
Nunca deixamos de ser animais, e por isso nem toda comunicação é verbal.
A artista devora esse banquete, numa ideia de controlar o pessimismo e transformar o que se nomeia resto.
“Somos feios aos olhos da norma e olhamos para a feiúra presunçosa dos vegetais podres com o mesmo carinho que os outros corpos abertos.”
Valentina D’Avenia
Zahra Alencar nasceu em Fortaleza-CE, é artista visual, cabeleireira e montadora de leão de praça. Usa, além de cabelos e cabeças, seu corpo negro como instrumento político. Numa óptica de redistribuição da violência e da organização da raiva ela se serve do deboche para apontar incoerências e injustiças históricas. Atualmente reside em São Paulo – SP (desde 2012). Compõe o Coletivo Cabeças (SP) e o Coletivo Universidad Desconocida (BR), um coletivo anônimo anti-disciplinar de resgate, discussão e criação de epistemologias que propõe curto-circuitar as normas. Em 2019 fez parte da residência Inland campo adentro em Madrid – Espanha junto com a Universidad Desconocida. Também em 2019 fez parte da residência Saint Martin em Lausane – Suíça.